atividade física

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Exercicios para idosos

Uma análise Crítica do Posicionamento do
ACSM sobre Treinamento Resistido:
Evidências Insuficientes para os
Protocolos Recomendados.
Ralph N. Carpinelli, Robert M. Otto, Richard A. Winett
Journal of Exercise Physiology – Official Journal of The American Society
of Exercise Physiologists (ASEP) - Vol 7, n 3, june 2.004.
COMENTÁRIOS – Prof. Dr. José Maria Santarem
Neste trabalho os autores fazem uma avaliação critica do posicionamento do
Colégio Americano de Medicina do Esporte sobre treinamento resistido (TR) para
adultos saudáveis, publicado em 2.002. Na introdução do artigo os autores já
esclarecem a origem das divergências. Essa avaliação crítica foi formulada tendo
como referências apenas trabalhos científicos, que na opinião dos autores são as
únicas evidências aceitáveis. O posicionamento do ACSM considerou também a
opinião de pessoas experientes na área.
O conceito de “evidência” nas áreas biológicas é tudo o que a prática sugere ser
verdade. Assim sendo, não são evidências as hipóteses teóricas, e não podem ser
endossados protocolos de treinamento com apenas esse tipo de fundamentação. As
evidências mais fortes são os resultados de trabalhos científicos experimentais,
controlados e randomizados, seguidas dos trabalhos de observação. No entanto, nas
áreas biológicas também costuma-se considerar como evidências as impressões
práticas de quem têm experiência na área. Na falta de boas evidências científicas,
aceita-se que condutas sejam baseadas em vivência prática. No entanto, a opinião de
um determinado grupo nem sempre reflete a opinião da totalidade dos profissionais,
justificando parte das críticas dos autores. Outro aspecto citado neste trabalho é que
alguns posicionamentos do ACSM são baseados mais em considerações teóricas do
que em evidências. As divergências citadas neste trabalho são especificadas nos
seguintes tópicos.
PESOS LIVRES E MÁQUINAS – O ACSM considera que os exercícios com
pesos livres para os grandes grupos musculares são mais eficientes para força e
coordenação, embora tenham execução mais complexa. Este trabalho considera que
as evidências científicas não permitem essa afirmação. Os autores citam vários
trabalhos científicos que demonstraram ganhos similares de força, massa muscular,
potência e resistência, induzidos por pesos livres e por aparelhos.
DURAÇÃO DA REPETIÇÃO – Os autores consideram que a velocidade do
movimento não pode ser medida em segundos, mas sim em graus ou radiantes por
segundo para movimentos angulares ou centímetros por segundo, para movimentos
lineares. Tecnicamente correto, mas com pouco entendimento para quem busca em
um posicionamento as bases para condutas práticas. O ACSM recomenda que as
repetições no TR sejam rápidas, entre 1 e 2 segundos, enquanto que os autores
esclarecem que os trabalhos científicos não confirmam a superioridade de repetições
rápidas ou lentas. O conceito técnico clássico no TR é tentar acelerar a contração
concêntrica e retardar a excêntrica, mas desde que isso não obrigue a diminuir os
pesos para completar as repetições planejadas. Na falta de conclusões científicas, o
ACSM optou por endossar a experiência prática.
FAIXA DE REPETIÇÕES – O ACSM estabelece que as faixas de repetições
devem ser escolhidas dependendo dos objetivos do treinamento: 1-6 para força, 6-12
para hipertrofia e 12 a 25 para resistência. Os autores citam que os trabalhos
científicos sugerem que em todas essas faixas de repetições os ganhos de força,
hipertrofia e resistência são similares. O ACSM optou por endossar as opiniões dos
técnicos experientes, principalmente por considerar que os resultados com pessoas
não treinadas habitualmente estudadas nos trabalhos científicos podem não refletir a
realidade dos atletas. Os autores comentam que os trabalhos científicos demonstram a
superioridade das repetições mais baixas realizadas com maiores pesos apenas para a
densidade mineral óssea.
SÉRIES MÚLTIPLAS – A maioria dos estudos realizados com homens e
mulheres iniciantes, intermediários ou avançados em TR demonstram apenas ligeira
superioridade de séries múltiplas (2 a 4) em comparação com apenas uma série
pesada por exercício. Os autores consideram que as evidências científicas favorecem
a utilização de uma série pesada por exercício, principalmente considerando que o
tempo de treinamento é bastante reduzido em relação à séries múltiplas. A posição do
ACSM considera os dados científicos em associação com a opinião de treinadores
experientes, reconhece que a diferença é pequena a favor das séries múltiplas, mas
recomenda séries múltiplas para os objetivos de força e hipertrofia no caso de pessoas
avançadas em TR.
PERÍODOS DE DESCANSO – com base nos estudos disponíveis, realizados
com não atletas, os autores criticam a recomendação do ACSM de que períodos
longos (mínimo de 2 a 3 minutos) de descanso entre séries e exercícios sejam mais
eficientes para ganhos máximos de força muscular. A posição doACSM mais uma
vez considera os resultados dos trabalhos científicos e a opinião de treinadores
experientes cm atletas.
AÇÃO MUSCULAR – Os autores e também o ACSM concordam que o TR
tradicional com contrações concêntricas e excêntricas produzem resultados superiores
em força e hipertrofia quando comparados com protocolos que utilizam apenas
contrações concêntricas ou excêntricas. No entanto o ACSM cita que as contrações
excêntricas com cargas supra-máximas (pesos maiores do que os usados na contração

concêntrica) podem ser superiores para estimular a força. Os autores não concordam
com essa afirmação em função da ausência de evidências científicas.
FREQÜÊNCIA E DIVISÃO DE TREINAMENTO – O ACSM recomenda que
principiantes em TR utilizem duas ou três sessões de treinamento semanais,
exercitando todos os grupos musculares em cada sessão. Os autores concordam com
essa proposta em função do bom senso, mas deixam claro a ausência de evidências
científicas. Para treinamento completo em cada sessão, o ACSM cita e os autores
concordam, que duas ou três sessões semanais são superiores a uma única, e que não
parece haver diferença importante entre duas ou três. Para praticantes avançados de
TR o ACSM recomenda o treinamento dividido com quatro a seis sessões semanais
de treinamento, sendo cada grupo muscular exercitado de uma a três vezes por
semana, dependendo do número de exercícios e séries utilizado. Seis a dez séries
pesadas no total de dois ou três exercícios por grupo muscular é o recomendado. Os
autores comentam que essa recomendação é baseada apenas na observação do
treinamento de atletas de elite, e que a alta freqüência de utilização de esteróides
anabolizantes nessa população inviabiliza a transferência de seus protocolos de
treinamento para adultos saudáveis não usuários de drogas. Os autores consideram
não haver evidências científicas de que o treinamento dividido seja superior ao
treinamento completo.
PERIODIZAÇÃO – O ACSM considera que o progresso contínuo em TR
avançado depende da chamada “periodização”, definida com a variação periódica de
fatores como a carga, o número de séries e de repetições, o tempo de descanso entre
séries, a ordem dos exercícios, o volume total e a freqüência semanal de treinamento.
Os autores consideram que essa posição não tem fundamentação científica e citam
numerosos trabalhos documentando que o treinamento periodizado não é superior ao
TR progressivo tradicional (em que a única evolução é o aumento progressivo de
cargas).
RESISTÊNCIA MUSCULAR – Os autores discordam do posicionamento do
ACSM de que repetições mais altas, entre 15 e 25, são mais eficientes para aumentar
a resistência muscular, ou resistência de força, definida com o número de repetições
realizadas até a fadiga com uma determinada carga. Os autores citam vários trabalhos
que documentam que a resistência muscular aumenta proporcionalmente ao aumento
de força, que ocorre em todas as faixas de repetições habituais em treinamento,
geralmente entre uma e vinte.
POTÊNCIA – Os autores discordam do posicionamento do ACSM de que a
associação de movimentos explosivos aos movimentos lentos do TR seja necessária
para o desenvolvimento máximo da potência em atletas, e citam falhas nos trabalhos
que levaram a essa conclusão. Os autores citam que o TR tradicional é adequado para
o máximo estímulo à potência, em função do aumento da força. Também citam falhas
nos trabalhos que sugerem a importância do treinamento de potência com
movimentos explosivos para idosos, sendo a sua recomendação apenas uma hipótese
teórica.

HIPERTROFIA MUSCULAR – Os autores enfatizam que a posição do ACSM
no sentido de que volumes altos de treinamento com cargas elevadas constituem a
abordagem mais eficiente para estimular hipertrofia muscular não tem base em
evidências científicas. Os autores citam trabalhos que documentaram hipertrofia com
baixos volumes e baixas cargas em níveis semelhantes aos obtidos com a proposta do
ACSM.
RECOMENDAÇÕES
Os autores enfatizam com base em evidências que os graus de força,
hipertrofia, resistência e potência conseguidos por meio do TR são basicamente
determinados pelas características genéticas individuais e não dependem de
manipulação das variáveis do treinamento. A única variável evolutiva no TR
tradicional reconhecida como diferencial entre o treinamento de principiantes,
intermediários e avançados é a carga utilizada nos exercícios. Por outro lado,
comentam que a evolução das cargas é uma conseqüência do aumento da força e não
o seu determinante. Com base nos trabalhos científicos disponíveis recomendam que
o TR para força, hipertrofia, resistência muscular e potência tenha as seguintes
características:
1) Treinamento completo duas ou três vezes por semana, ou treinamento dividido,
dependendo da preferência individual, exercitando cada grupo muscular de
uma a três vezes por semana..
2) Utilizar pesos livres ou máquinas dependendo do prazer e do conforto
individual, porque não há superioridade comprovada de um equipamento sobre
outro.
3) Realizar os exercícios na faixa de repetições mais confortável, entre 3 e 15,
porque não há superioridade comprovada de uma sobre outra.
4) Descansar o suficiente para que a série seguinte seja realizada com energia,
sem definir um tempo específico de descanso.
5) Realizar apenas uma série pesada de cada exercício, interrompida próximo da
falência total do músculo, porque não há superioridade comprovada de maior
número de séries e nem de esforços supra-máximos.
NOSSA OPINIÃO
1) Concordamos com todas as críticas ao trabalho do ACSM, principalmente em
dois aspectos:
a) A recomendação de movimentos explosivos para idosos tem fundamentação
apenas teórica e não considera que o TR tradicional produz grande aumento de
força e potência. Além disso, em nossa experiência movimentos explosivos em
idosos são mal tolerados e devem ser sistematicamente evitados devido aos
freqüentes processos degenerativos articulares e conseqüente fragilidade,
características dessa população.
b) A necessidade de periodização para induzir graus máximos dos resultados do
TR não é opinião consensual de treinadores experientes, no caso da
Referências bibliográficas, tabelas e gráficos encontram-se no artigo original.

musculação de competição. Numerosos são os exemplos de atletas de alto nível
em musculação de competição que jamais periodizaram o seu treinamento.
2) Não concordamos com autores deste trabalho no procedimento de não
considerar como evidências as opiniões de pessoas experientes na área do TR,
quando consensuais e na falta de boas evidências científicas. Nesse sentido
discordamos das recomendações dos autores nos seguintes aspectos:
a) A abordagem tradicional do TR para o objetivo de força são as repetições
baixas com pesos maiores e os longos intervalos de descanso. Para hipertrofia
o TR tradicional é realizado com repetições mais altas, entre 6 e 20, geralmente
entre 6 e 12, com intervalos de descanso menores do que os utilizados para o
treinamento de força, geralmente entre 1 e 2 minutos. Esses procedimentos não
têm apenas base teórica, mas também muitas evidências de adequação, sendo
praticamente consensual entre atletas e treinadores.
b) Praticantes avançados de TR utilizam quase que consensualmente o
treinamento dividido com mais do que uma única série pesada por exercício.
Se esse procedimento não é uma necessidade fisiológica, pode-se especular que
o treinamento dividido permite maior concentração em cada grupo muscular e
as séries múltiplas contribuam para o estímulo psicológico de sentir os
músculos bem trabalhados, no momento do treino e no dia seguinte. Nossa
recomendação é que deve haver muita atenção para a possibilidade de
interrupção do progresso em função de volume excessivo. Do ponto de vista
prático, recomendamos que sejam realizados de um a três exercícios por grupo
muscular, uma a três séries pesadas por exercício, divisão do treino em duas ou
três partes sempre realizadas sequencialmente, de quatro a cinco sessões de
treinamento por semana, e nunca realizar mais do que três dias de treino
seguidos sem incluir na seqüência um ou mais dias de descanso.


beneficios do treinamento resistido

ARTIGO DE REVISÃO
BENEFÍCIOS POTENCIAIS DO TREINAMENTO RESISTIDO
RELACIONADOS À SAÚDE
Richard A. Winett, Ph.D. and Ralph N. Carpinelli, Ed. D.+
Preventive Medicine 33, 503-513 (2001)
COMENTÁRIO
Prof. Dr. José Maria Santarem
As pesquisas atuais demonstraram que o treinamento com exercícios resistidos (TR) tem
profundo efeito sobre o sistema músculo-esquelético, contribuem para a manutenção das
atividades funcionais e previne osteoporose, sarcopenia, dores lombares e outras situações
patológicas. Pesquisas mais recentes demonstraram que o treinamento resistido pode afetar
positivamente fatores de risco como resistência à insulina, taxa de metabolismo basal,
metabolismo da glicose, pressão arterial, gordura corporal e tempo de transito gastrointestinal, os
quais estão associados com diabetes, doenças do coração e câncer.
As diretrizes de saúde pública inicialmente enfatizavam os exercícios aeróbios em estado
estável, os quais aumentam o condicionamento cardiorespiratório e tem algum impacto sobre a
composição corporal. A tendência atual é considerar o TR como componente central dos
programas de saúde pública, em associação com os exercícios aeróbicos.
O TR também é conhecido como treinamento de força e envolve ativação voluntária de
músculos esqueléticos específicos contra alguma forma de resistência externa, que pode ser
proporcionada pelo peso corporal, pesos livres (barras e halteres), ou uma variedade de outros
tipos de exercícios (máquinas, molas, elásticos, resistência manual, etc). Atualmente considera-se
que os benefícios do TR sejam obtidos com apenas duas sessões de treinamento de 15 a 20
minutos por semana. Treinamento resistido sensato envolve movimentos controlados de forma
precisa para cada um dos principais grupos musculares e não requer o uso de resistência muito
pesada.
O TR já foi considerado pelos profissionais da área como complicado, demorado e que
exige a prática potencialmente perigosa de levantar explosivamente cargas pesadas. Na realidade,
o treinamento resistido é seguro, relativamente simples, não envolve necessariamente cargas
muito pesadas, e consome um tempo mínimo.
Aspectos relacionados com a saúde.
O TR estimula mudanças favoráveis com relação aos fatores de risco associados a
osteoporose, doenças cardiovasculares (DCV), câncer, diabetes, e produz aumento de força de 20
à 60%, sem diferenças em relação ao sexo ou idade. Não se sabe se outros resultados
relacionados a saúde são diretamente ou indiretamente influenciados pelo estímulo do
treinamento habitual, pelas mudanças músculo-esqueléticas concomitantes, pelas respostas
hormonais ao exercício, pela atividade física, gasto calórico ou alguma combinação de fatores.
Redução da gordura corporal
A conduta tradicional para perder peso corporal é reduzir a ingestão calórica e aumentar o
gasto calórico por meio de atividade física de intensidade baixa a moderada ou de exercícios
aeróbios. Essa abordagem resulta em perda de peso no curto prazo, mas revisões de literatura
indicam que não seja efetiva na redução contínua da gordura corporal alem de 3 a 6 meses, sem
conseguir a manutenção dos resultados. O balanço calórico negativo acentuado e contínuo tende
a comprometer a massa corporal magra e reduzir a taxa metabólica de repouso. Devido a perda de
massa muscular, pessoas que recuperam a perda de peso inicial, podem então exibir uma
porcentagem mais alta de gordura corporal do que aquela anterior à dieta. O aumento da gordura
corporal não é um problema apenas estético, pois leva a um apreciável aumento no risco de
algumas doenças.
O TR deve ser considerado nos programas de perda de peso porque ajudar a aumentar ou
manter a taxa metabólica basal e a massa muscular, mas esses efeitos só ocorrem se não existir
restrição calórica acentuada.
Quando o foco é basicamente a perda de gordura e a melhora dos fatores de risco
clássicos para diabetes e doenças coronarianas, dados recentes mostram que o treinamento
cardiovascular de alta intensidade ou o treinamento resistido são os que mais modificam esses
fatores de risco, e não o exercício de intensidade baixa a moderada tipicamente prescrito.
Obesidade central
A gordura corporal acima do normal está associada com doença coronariana, diabetes e
câncer. O aumento da obesidade central (também conhecida como gordura intra-abdominal ou
tecido adiposo visceral), aumenta o risco de câncer coloretal, e parece iniciar uma série de
eventos que podem resultar na resistência à insulina, intolerância à glicose, perfil lipoproteico
anormal e hipertensão arterial. O TR tem se mostrado particularmente eficiente na redução da
adiposidade central.
Outros fatores de risco
Além de aumentar a massa corporal magra e diminuir a massa gorda regional e total, foi
mostrado também que o TR pode notadamente melhorar outros fatores de risco e mecanismos
associados a doença arterial coronariana, diabetes e câncer.
O TR pode tornar as tarefas da vida diária menos desgastantes e menos arriscadas porque
diminui a freqüência cardíaca, a pressão arterial sistólica e o duplo produto, embora sem
mudança no consumo máximo de oxigênio.
Alguns estudos também indicam que o TR possa aumentar o HDL-colesterol
A diminuiç
redução no metabolismo da glicose, que predispõe pessoas idosas às sequelas da resistência à
insulina, diabetes e doenças cardíacas, hiperinsulinemia e risco de câncer aumentado. O TR pode
melhorar os mecanismos envolvidos no metabolismo da glicose, incluindo a tolerância à glicose e
a resistência à insulina.
O TR acelera o trânsito intestinal total em cerca de 50% e talvez por esse mecanismo
tenha o efeito de reduzir o risco de câncer de cólon.
ão da massa muscular relacionada ao envelhecimento pode estar ligada à
Dor lombar
Dores lombares e disfunções da coluna vertebral são os maiores consumidores de recursos
financeiros dos sistemas de saúde. A maioria das intervenções nas lombalgias estão focalizadas
em protocolos passivos de redução de sintomas, mas há pouca evidência de que tais intervenções
reduzam o risco de episódios subseqüentes e incapacidades. Por outro lado, o TR pode fortalecer
a região lombar, independente do diagnóstico causal, e reduzir a incidência de disfunções ca
coluna vertebral. Por esta razão existe a proposta de que aparelhos para TR estejam presentes nos
locais de trabalho de todas as pessoas, incluindo uma máquina para exercício destinado a região
lombar.
As medidas terapêuticas mais freqüentes para as lombalgias são passivas, tais como
repouso no leito, massagem, estimulação elétrica, compressas frias ou quentes, medicamentos e
alongamentos. Esses tratamentos não promovem cura por meio de adaptações fisiológicas
favoráveis, apenas fornecem alivio sintomático, não sendo eficazes a longo prazo. Pessoas com
dor lombar com freqüência apresentam um círculo vicioso de dor, pouca atividade, mais dor e
menos atividade. Elas se tornam descondicionadas com pouca força, resistência e flexibilidade na
região lombar. Exercício seguro e efetivo para a região lombar envolve treinamento curto, de
baixa freqüência, com resistência variável progressiva em amplitude adequada de movimentos,
isolamento da musculatura lombar e estabilização pélvica.
Apenas uma série (após aquecimento) de exercício para região lombar realizada uma ou
duas vezes por semana aumenta a densidade mineral óssea das vértebras da região lombar e a
área de secção transversa dos músculos eretores da coluna. Séries múltiplas ou treinamento mais
freqüente para lombares não necessariamente são mais eficientes.
Massa óssea
A densidade mineral óssea aumenta ou diminui em resposta ao estresse mecânico dos
ossos envolvidos. Parece que a magnitude do estresse sobre uma área de osso é a maior
determinante de BMD e não o número de vezes que o estresse é repetido. Assim sendo
parece ser mais eficiente do que atividades de baixa intensidade como caminhar. Menor número
de repetições com carga mais pesada parece ser mais eficiente para o aumento da densidade
mineral óssea.
, o TR
Habilidade funcional
A pouca mobilidade observada em pessoas muito idosas está fortemente relacionada com
fraqueza muscular. Os músculos dos muito idosos respondem muito bem ao treinamento resistido
e os aumentos de força são acompanhados de aumentos na mobilidade funcional e atividade
geral, assim como por melhora significante em testes de equilíbrio. Estas respostas ao
treinamento resistido podem reduzir o risco de quedas nessa população e também aumentar ou
prolongar os níveis de independência, melhorando a qualidade de vida.
Princípios técnicos
O TR é uma intervenção com bases científicas bem estabelecidas. Os dois erros mais
comuns de entendimento são: 1) imaginar que um grande volume de treinamento seja necessário
para produzir resultados; 2) não compreender que os resultados do TR são variáveis de pessoa
para pessoa em função da condição genética individual.
O objetivo básico do treinamento resistido é aplicar um estímulo a cada grupo muscular
principal por aproximadamente 30-90s e fornecer uma sobrecarga ligeiramente maior em relação
a sessão de treinamento anterior. Uma sobrecarga maior pode ser um pequeno aumento na carga
ou nas repetições, ou ambas. Sobrecarga progressiva é essencial para aumentar a força e o
tamanho do músculo. O que parece ser necessário para estimular os aumentos na força e na
massa muscular é justamente ultrapassar um pouco o limiar das sessões anteriores. Ultrapassar o
limiar aparentemente inicia reações fisiológicas complexas, tais como o aumento na síntese
protéica. Uma vez que o limiar foi ultrapassado, qualquer volume adicional de exercício parece
desnecessário e, na verdade, potencialmente contraproducente. Isto é, exercício desnecessário não
apenas leva mais tempo, mas atua como um estressor adicional pode prejudicar a recuperação da
sessão de treinamento por meio de efeitos imunosupressivos. Alem disso, é durante o tempo de
recuperação entre as sessões que ocorrem as adaptações fisiológicas, as quais fornecem as bases
para sobrecargas subseqüentes na próxima sessão de treinamento. Assim sendo, é importante que
a intensidade do TR seja progressiva, e não necessariamente o volume.
O treinamento resistido tipicamente compreende dois tipos de ações musculares para cada
repetição. Elevar a resistência é a ação muscular concêntrica e baixar a resistência é a ação
muscular excêntrica. As fibras musculares são estimuladas pela movimentação da resistência ao
longo de uma série de repetições consecutivas em cada exercício especifico, e o tempo exigido
para completar as repetições é designado como
realizadas sem intervalos é chamado de
musculares podem ser obtidos com o uso de uma única serie de um único exercício especifico
para cada grupo muscular, duas vezes por semana para iniciantes ou avançados.
A freqüência recomendada de treinamento para os principais grupos musculares é de duas
vezes por semana, com alguma evidência de que uma vez por semana também pode aumentar a
força e a massa muscular, embora menos do que duas vezes por semana.
Intensidade alta no TR significa utilizar cargas que permitam realizar as repetições
planejadas com elevada dificuldade. Intensidade máxima ocorre quando os movimentos são
realizados até a falência muscular. Os resultados máximos no TR ocorrem com intensidades altas
mas não necessariamente máximas.
Os movimentos nas repetições devem ser relativamente lentos. Movimentos rápidos não
apenas colocam mais estresse nas articulações no inicio e no fim de cada repetição, mas também
diminuem a sobrecarga e a fadiga da musculatura ao longo da série. Movimentação rápida
significa que o impulso esta sendo usado para ajudar a mover a resistência ao invés de exigir o
máximo possível dos grupos músculos exercitados. Repetições mais lentas diminuem o impulso
tempo de sobrecarga. Um conjunto de repetiçõessérie. Parece que aumentos da força e da massa,
criam um estimulo de intensidade mais alta, potencialmente diminuem o risco de lesão, e podem
resultar em maior força do que os movimentos rápidos. Uma recomendação é que se utilize 4
segundos para executar a fase concêntrica de uma repetição (levantar a resistência) e 4 segundos
para a fase excêntrica (baixar a resistência).
Uma orientação resumida poderia ser selecionar um exercício para cada grupo muscular
principal, fazer uma série difícil de cada exercício (após aquecimento, geralmente com uma ou
duas séries) duas vezes por semana, e fazer uma progressão lenta do aumento da resistência e/ou
repetições. Para uma recuperação adequada, as sessões de treinamento devem ser separadas por 2
ou 3 dias de descanso.
A escolha dos exercícios para cada grupo muscular depende do equipamento disponível,
das preferências pessoais, e de eventuais limitações físicas. Existe pouca evidência de que o TR
com máquinas ou com pesos livres levem à resultados diferentes. Para estimular os músculos da
coluna lombar de forma segura e efetiva é necessário um aparelho específico.
Situação atual do conhecimento
Não existem dúvidas quanto ao fato de que o TR tem um impacto favorável em múltiplos
fatores de risco associados com doenças e incapacidades. No entanto, alguns aspectos
permanecem mal esclarecidos. Não se sabe se o protocolo de exercícios com uma série difícil
para 8 a 10 exercícios realizados de duas a três vezes por semana seria a mais efetiva para reduzir
todos os fatores de risco para doenças. Assim como ocorreu com os estudos prospectivos
iniciados uma geração atrás sobre os efeitos a longo prazo do condicionamento cardiorespiratorio
na morbidade e mortalidade, os estudos sobre o TR estão agora em um estagio apenas inicial.
Mesmo na falta de respostas para algumas questões, a preponderância das evidências
mostra que o treinamento resistido é uma atividade muito eficiente em relação ao tempo de
execução e tem favoráveis impactos sobre vários sistemas, com poucas contra-indicações, e que
realizado de forma apropriada, pode ser uma intervenção preventiva de custo-benefício viável.
Acredita-se que poucos meses de execução de treinamento resistido adequado depois dos 50 anos
de idade pode recuperar duas décadas de força e a massa muscular perdidas. Até esse momento,
poucas pessoas perceberam os benefícios da redução de múltiplos fatores de risco pelo TR, sua
relativa simplicidade, seu alto nível de segurança e sua boa relação tempo/beneficio.
Referências bibliográficas, tabelas e gráficos podem ser consultadas no artigo original.

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